UL - Oliveira de Azeméis
Ul, nome céltico, cuja origem parece apontar para o étimo "uria", ou seja, ribeiro. Ul é um topónimo que tanto designa a freguesia como o rio que a banha, pelo lado norte, e aqui se juntar ao Antuã, no sítio da Ponte de Dois Rios. Ul é também o nome mais pequeno das freguesias de Portugal.
A freguesia de Santa Maria de Ul já era do Município da Bemposta no ano de 1527. Pertenceu à comarca e ouvidoria da Feira e, nos meados do século XVIII, à comarca de Esgueira. A sua história está marcada por um passado muito remoto, recuando aos tempos pré históricos, em que a presença humana por estas paragens está sobejamente documentada através de importantes achados arqueológicos, que atestam a presença de povos muito anteriores aos romanos.
Como já foi referido, alguns elementos apontam para que se situasse Talábriga, encantada cidade dos Pesures, nomeadamente o facto de terem aparecido aqui, junto ao castro de Ul e no leito da conhecida Via Romana (Lisboa-Braga) um marco miliário e um "Terminus Augustalis". "Junto a esta aldeia é o sítio da Corredoura. Diz o povo da terra que se lhe deu este nome por ser aqui que os mouros faziam corridas de cavalos, torneios e outros jogos", diz Pinho Leal que descreve a freguesia nestes termos: "Passando o rio, mais abaixo, para oeste, se sobe o Monte das Almas da Moura, ao qual em antigos documentos se dá o nome de "Mamoinhas". É atravessado pelos alicerces de um muro. Isto prova com evidência que esta terra era já habitada por um povo pré-histórico, que existiu muitos séculos antes da invasão dos fenícios e dos cartagineses, pois ainda se vêem aqui algumas mamoas pré-celtas; e foi a elas que o sítio deve o nome de Mamoinhas. Sobre um pequeno outeiro da aldeia do Avenal está uma casa, chamada o Paço, propriedade de um lavrador. Não tem vestígios alguns de remota antiguidade mas é de tradição que deve o nome a ter aqui havido um nobre paço, do senhor da freguesia".
São famosos nesta terra os moínhos de água, cuja existência vem de muito longe. Documentos do século XVIII já atestam a sua presença em terras de Ul. No início, moeu-se o milho, depois o trigo e, mais tarde, passou a descascar-se o arroz.
Para assegurar a força motriz destes moínhos foram construídos 38 açudes, ou seja, pequenas barragens de onde partiam as “levadas” de água que accionavam aquelas “rodas”.
Condições naturais únicas ditaram a Ul a primeira etapa da industrialização: os moínhos de Ul e as padarias tradicionais representaram o passo inicial para o desenvolvimento, em que as actividades dos moleiros e das padeiras, ambas de igual sobrenome, tiveram grande influência.
Mais tarde, outra actividade se iniciou com o aproveitamento dos moínhos de água – a do descasque do arroz que, progressivamente se foi modernizando, ganhando importância e primazia até aos nossos dias. Actualmente, o sector da moagem, embora ultrapassado na predominância que outrora gozou, continua a manter em Ul uma grande dinâmica. E no que respeita ao descasque e embalagem do arroz, estão aqui implantadas as maiores indústrias nacionais do género, que produzem cerca de 60% da produção nacional.
Nesta freguesia merecem, pois, especial destaque os moínhos de água ao longo dos rios Antuã e Ul; o fabrico tradicional do Pão de Ul e da Regueifa de Ul; a Ponte da Salgueirinha; o Largo da Igreja e a Quinta, Casa e Capela de Adães, datadas do século XVII.
A Igreja Paroquial, ou de Santa Maria, sita na confluência dos rios Ul e Antuã e fronteira ao Castro, data de 1790. Este templo assenta sobre plataforma de um raro monumento romano ou romanizado, de onde foram exumados dois preciosos padrões: o marco miliário da milha XII e o Terminus Augustalis, o qual se encontra embutido na parede exterior da sacristia. Esta igreja, sobretudo por este motivo, é um importante centro cultural a preservar.
Área > 4,98 km 2
População > 2414 (Censos 2011)
Actividades económicas > Indústria de descasque de arroz, calçado, construção civil, agricultura e comércio
Festas e Romarias > S. Brás (2 e 3 de Fevereiro), N. Sra. das Febres (25 de Julho) e Santa Maria (15 de Agosto)
Património > Igreja matriz, Capela de Adães, Casa de Adães e Largo da Igreja
Outros Locais > Ponte e moinho da Salgueirinha, moinhos e Castro de Ul
Gastronomia > Pão de Ul.
O ex-libris gastronómico é o Pão de Ul, caracterizadamente típico, não só pelo seu excepcional sabor, como pela forma tradicional que apresenta. Assim, o Pão de Ul torna-se único no mundo, um verdadeiro "ex-libris" da gastronomia Oliveirense. A sua confecção é, no entanto, simples, numa mistura sábia de farinha, água, sal e fermento. O segredo reside, precisamente, na maneira de o amassar (à mão) e do seu cozimento (em forno de lenha). Contudo, encontrar Pão de Ul à venda torna-se uma tarefa quase impossível.
Associações > Rancho Folclórico “Cravos e Rosas”, Rancho Folclórico “As Padeirinhas de Ul”; APPUL - Associação de Produtores de Pão de Ul, AFUL - Associação da Freguesia de Ul
Orago > Santa Maria